270
            
            
              IBRACON Structures and Materials Journal • 2012 • vol. 5  • nº 2
            
            
              
                Three-dimensional analysis of two-pile caps
              
            
            
              Cabe destacar que, nas duas últimas décadas, segundo Su &
            
            
              Chandler [10], o modelo de bielas e tirantes tem sido um dos mé-
            
            
              todos mais populares e racionais de análise de estruturas não
            
            
              submetidas à flexão. E as diretrizes de cálculo principais foram
            
            
              fornecidas por normas de diversos países tais quais a canadense
            
            
              (CSA Standard A23.3-94), a australiana (AS3600-1994), a neo-
            
            
              -zeolandeza (NZS3101:Part2:1995) e o código internacional CEB-
            
            
              -FIP:1990. A despeito disso, cada uma das normas listadas aci-
            
            
              ma possui os seus próprios fatores de segurança em relação aos
            
            
              carregamentos e materiais, além de diferentes metodologias de
            
            
              dimensionamento. Especificament sobre a NBR-6118:2007 [11], a
            
            
              norma apenas faz menção pela preferência do modelo de bielas
            
            
              e tirantes tridimensional em relação aos modelos lineares e não
            
            
              tridimensionais.
            
            
              
                
                  1.1 Justificativa
                
              
            
            
              Como visto, as pesquisas tem progredido para um consenso de
            
            
              que o método de bielas e tirantes é o mais correto e realista para
            
            
              representar o comportamento estrutural dos blocos sobre esta-
            
            
              cas. Não obstante, ainda há dissenso na literatura, por exemplo,
            
            
              sobre a conformação das bielas de compressão e a distribuição
            
            
              das tensões no interior da peça. Delalibera [1] afirma que há “fal-
            
            
              ta de conhecimento da forma geométrica do fluxo de tensões
            
            
              que formam as bielas de compressão em blocos sobre estacas
            
            
              submetidas a forças centradas e excêntricas” e que “a análise de
            
            
              modelos numéricos de blocos rígidos demonstrou que a distribui-
            
            
              ção de forças nas estacas não é uniforme, devendo ser adapta-
            
            
              das a hipóteses utilizadas”.
            
            
              Dessa forma, este artigo tem como objetivo a corroboração, atra-
            
            
              vés de análise numérica não-linear, do comportamento estrutural
            
            
              de blocos de concreto armado  sobre duas estacas a partir de
            
            
              comparação com resultados experimentais obtidos por Delalibera
            
            
              [1]. A comparação de resultados entre os modelos numéricos e
            
            
              experimentais tem o mérito de expor as discrepâncias e conver-
            
            
              gências existentes de modo a justificar os estudos através de pro-
            
            
              gramas baseados no Método de Elementos Finitos. Além disso,
            
            
              contribuem para comprovar os fundamentos teóricos dos blocos
            
            
              sobre estacas.
            
            
              São analisados o panorama de fissuração com o estágio inicial
            
            
              de formação de fissuras no Estádio II e a sua propagação no
            
            
              interior da peça, a distribuição de tensões e deformações no blo-
            
            
              co e na armadura, e, a força última e o modo de ruína por meio
            
            
              do fendilhamento do concreto e esmagamento das bielas nas
            
            
              regiões nodais.
            
            
              lelas ao fluxo de tensões principais de compressão como resul-
            
            
              tado da ação de esforços de tração perpendiculares a estas no
            
            
              interior da estrutura), com formação de várias fissuras antes da
            
            
              ruína. Em relação à ancoragem e aos ganchos, foi comprovado
            
            
              que o escorregamento das barras de aço sem ganchos e com
            
            
              mossas ocorreu somente após a ruptura da biela.
            
            
              Mautoni [4] constatou que grande parte dos blocos sofria ruptura
            
            
              frágil por fendilhamento das bielas comprimidas na zona nodal e
            
            
              que antes da ruína houve formação de fissuras paralelas às bie-
            
            
              las, fato que também foi constatado nos ensaios de Clarke [5] e de
            
            
              Sabnis & Gogate [6].
            
            
              Nos estudos de Adebar et al. [7] observou-se a eficácia do método
            
            
              de bielas e tirantes. Foi comprovada a ruína dos blocos por fendi-
            
            
              lhamento ocasionada pela expansão das tensões de compressão
            
            
              (esmagamento do concreto e aumento da fissuração) e posterior
            
            
              escoamento da armadura dos tirantes.
            
            
              Delalibera & Giongo [8] demonstraram que nos modelos de blocos
            
            
              analisados houve formação de fissuras paralelas às bielas com ru-
            
            
              ína por fendilhamento e esmagamento do concreto nos nós junto
            
            
              ao pilar (C-C-C) e às estacas (T-C-C). Ademais, os autores consi-
            
            
              deraram ser correto considerar que metade da seção transversal
            
            
              do pilar receba metade da força aplicada pelo pilar nos blocos.
            
            
              A análise da aderência das barras de aço conduzida por Delali-
            
            
              bera [1] mostrou que não há escorregamento da armadura devido
            
            
              à ação favorável da tensão de compressão atuante na biela que
            
            
              reduz o valor da força de tração e leva a uma redução significativa
            
            
              nas deformações das barras de aço na região nodal inferior.
            
            
              Sobre o dimensionamento de blocos sobre estacas, é importan-
            
            
              te mencionar que, segundo Souza et. al. [9], ainda não há um
            
            
              procedimento geral padrão aceito para execução de projetos de
            
            
              blocos sobre estacas. Apesar da existência de muitos modelos
            
            
              de cálculo, há grande variação entre eles. A maioria das normas
            
            
              recomenda a utilização de modelos de vigas-parede, flexão ou
            
            
              treliça. No entanto, Souza et. al. [9] demonstraram que muitos
            
            
              blocos dimensionados para o rompimento à flexão acabaram por
            
            
              apresentar ruptura frágil por cisalhamento. Os autores também
            
            
              atestaram que os blocos são submetidos a uma complexa distri-
            
            
              buição tridimensional de deformações não-lineares denominadas
            
            
              de região D. Em geral as regiões D se manifestam a partir de per-
            
            
              turbações de ordem estática (causada pela presença de cargas)
            
            
              e geométrica (causada por mudanças bruscas na geometria). No
            
            
              caso de blocos sobre estacas, todo o bloco se comporta como
            
            
              uma região D devido à concentração de tensões tanto na seção
            
            
              superior como na seção inferior, provocas pelos encontros pilar-
            
            
              -bloco e estacas-bloco.
            
            
              Tabela 2 – Propriedades do concreto
            
            
              Bloco sobre estacas
            
            
              Estacas e pilares
            
            
              Coeficiente de Poisson (
            
            
              n
            
            
              )
            
            
              0,2
            
            
              0,2
            
            
              Energia Específica de Fratura (G )
            
            
              F
            
            
              2
            
            
              79 J/m
            
            
              2
            
            
              116 J/m
            
            
              Tension Stiffening Factor (c )
            
            
              ts
            
            
              0,40
            
            
              0,40
            
            
              Módulo de Elasticidade (E )
            
            
              c
            
            
              30.320 MPa
            
            
              41.060 MPa
            
            
              Resistência Característica à Compressão (f
            
            
              ck
            
            
              )
            
            
              40 MPa
            
            
              73 MPa
            
            
              Resistência Última à Tração do Concreto (f
            
            
              tk
            
            
              )
            
            
              3,2 MPa
            
            
              4,6 MPa