Revista Concreto & Construções - edição 84 - page 16

16 | CONCRETO & Construções
tarefa absolutamente sem fim.
Desenvolver um software integrado
para concreto armado é como
projetar a fundação de um edifício
sem conhecer, “
a priori
”, o número
de pisos. Depois de feito o edifício é
preciso, obrigatoriamente, reforçar a
fundação para o incremento de mais
pisos; às vezes, é preciso trocar o
elemento de fundação e, outras vezes,
é preciso trocar toda a fundação, tudo
isso com o edifício funcionando. Mas,
o ponto mais importante é a validade
dos resultados do software. Apenas
com a participação de diversos
usuários capacitados tecnicamente,
com diferentes filosofias de projeto,
é possível fazer a validação de um
software integrado para projetos
estruturais de concreto armado.
Por essas razões é que o software
somente chega a uma fase adulta
depois de muitos anos, talvez
décadas, de pleno uso no mercado.
Portanto, faz parte do processo de
validação de um software, tanto a
equipe técnica do desenvolvedor
como uma parcela dos usuários.
Como o software continuamente evolui
e é alterado, para distribuir qualquer
nova versão ao mercado é preciso
garantir a qualidade inicial através de
testes e mais testes. Geralmente, as
empresas possuem uma equipe de
testes, com programas que testam
programas, tanto remotamente como
interativos, onde os milhares de
edifícios catalogados são analisados
e validados permanentemente.
Dependendo da qualidade, diversidade
e quantidade dos edifícios de testes,
podemos dizer que o sistema é mais
ou menos testado. Mas, o principal
teste mesmo é feito diariamente pelos
inúmeros usuários qualificados que,
constantemente, ficam processando
novos edifícios, analisando e
questionando resultados emitidos,
e interagindo com o desenvolvedor.
Este é o teste final e verdadeiro. Com
tudo isso, ainda existe uma máxima
no mercado de softwares integrados
para a engenharia estrutural com a
qual eu concordo plenamente: “não
existe software sem erros, não existe
software sem erros graves”. É a
pura realidade, existem softwares
mais testados e confiáveis e existem
softwares menos testados e menos
confiáveis. Se o desenvolvedor tivesse
conhecimento do lugar onde estão os
erros graves (geralmente, em casos
muito particulares), ele os corrigiria
imediatamente.
IBRACON
– Q
uais
os
cuidados
que
um
engenheiro
projetista
deve
ter
ao
modelar
uma
estrutura
?
N
elson
C
ovas
– Esta pergunta poderia
ser tema para se escrever um livro
sobre o assunto. Vou tentar apenas
relatar alguns itens que considero
importantes para estruturas de concreto
armado: aplicar os requisitos de
normas técnicas; não tratar elementos
de concreto armado como elásticos
lineares; entender que o concreto
armado é um material não homogêneo
e que a estrutura não é construída
instantaneamente; aplicar cargas
atuantes na estrutura adequadamente,
especialmente as forças horizontais
devidas ao vento; definir corretamente
os conceitos relacionados ao
comportamento de vigas, pilares, lajes,
pilares-parede, sapatas etc.; estudar a
ligação e a compatibilização entre os
diversos elementos; tratar propriedades
de seções transversais para cálculo em
ELU e ELS (Estado Limite de Serviço);
analisar se os pilares estão engastados
nas fundações, os efeitos dinâmicos,
os efeitos de segunda ordem, casos de
pilares sem travamento, entre outros.
Todos esses pontos, alguns softwares
integrados tratam adequadamente.
Cabe ao engenheiro projetista
selecionar, ao modelar a estrutura, os
quesitos de modelagem que mais lhe
convém para o caso em projeto.
IBRACON
– C
omo
está
o
desenvolvimento
dos
softwares
de
interação
fundação
-
estrutura
?
E
xiste
boa
aceitação
dos
profissionais
envolvidos
? C
omo
se
daria
,
na
sua
visão
,
a
integração
dos
profissionais
envolvidos
e
quais
lacunas
precisariam
ser
preenchidas
?
N
elson
C
ovas
– Existem diversos
softwares provenientes do exterior
para calcular a interação fundação-
estrutura. Geralmente, esses
softwares são bastante complexos,
tanto do ponto de vista teórico como
do ponto de vista da utilização, e, salvo
raras exceções, não são empregados
O PRINCIPAL TESTE MESMO É FEITO DIARIAMENTE PELOS INÚMEROS
USUÁRIOS QUALIFICADOS QUE, CONSTANTEMENTE, FICAM
PROCESSANDO NOVOS EDIFÍCIOS, ANALISANDO E QUESTIONANDO
RESULTADOS EMITIDOS, E INTERAGINDO COM O DESENVOLVEDOR
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