Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 11

CONCRETO & Construções | 11
u
converse com o ibracon
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PERGUNTAS TÉCNICAS
A
partir
de
qual
volume
de
concreto
é
ne
-
cessário considerar
em
projeto o controle
térmico
de
uma
fundação
quanto
ao
calor
de
hidratação
?
ADRIANO JUSTINO
(B
auru
- SP)
Especificar um número para esse volume
émuito difícil. Já tive a oportunidade de ver
blocos de cerca de 30m³ fissurados devi-
do ao efeito térmico e, diga-se de passa-
gem, esses blocos tinham pouca armadu-
ra no topo e nas laterais. Óbvio que não foi
a taxa de amadura o agente causador das
fissuras, mas poderia ter evitado a fissu-
ração. Sabemos ainda que muitos blocos
são armados sem esse tipo de armadura
superior, o que pode contribuir muito para
o aumento da fissuração.
Pela definição do IBRACON sobre con-
creto massa, qualquer peça de concre-
to que tenha dimensão a partir de 0,50
m em pelo menos uma direção, deve
ser tratada como concreto massa e ser
verificada quanto o efeito térmico.
Normalmente, em blocos de fundação
usuais, apenas medidas preventivas de
projeto podem ser suficientes para con-
trolar a fissuração, como, por exemplo,
adotar uma taxa de armadura (superior
e lateral) um pouco maior que a de cos-
tume, ou ainda prever a execução por
camadas de concretagem. A recente
revisão da ABNT NBR 6118:2014 in-
cluiu em seu item 22.7.4.1.5 a obriga-
toriedade da colocação de armaduras
laterais e superiores em blocos sobre
duas ou mais estacas, e também cha-
ma a atenção para a avaliação de blo-
cos de grandes volumes, entretanto
não é dito qual volume é esse.
Como vemos é um assunto complexo
e interessante, e especificar a partir de
qual volume se deve ter um cuidado es-
pecial quanto a questão térmica é uma
tarefa complicada, pois depende de
muitos fatores. Blocos pequenos com
pouca armadura e muito cimento podem
fissurar. Blocos grandes, sem os devidos
cuidados, podem fissurar mais ainda.
O ideal é que se tenha um critério de
detalhamento de armaduras que aten-
da a maior parte dos casos, e sempre
que possível solicitar um estudo térmi-
co mais detalhado.
ENG. DOUGLAS COUTO, P
h
D E
ngenharia
P
elo
que
sei
,
mas
posso
estar
mal
informa
-
da
,
as concreteiras e
indústrias de pré
-
fabri
-
cação
do
B
rasil
não
costumam
usar
aditivo
modificador
de
viscosidade
nos
concretos
autoadensáveis
que
produzem
,
ou
seja
,
ado
-
tam os chamados
powder type
SCC”. E
stou
muito curiosa
sobre
as
razões que
têm
leva
-
do
a
esta
escolha
. P
rimeiro
,
imaginei que
pu
-
desse
ser o custo desse
aditivo
. E
ntretanto
,
a
dosagem
desse
aditivo
costuma
ser
baixa
.
E,
por
outro
lado
,
esse
aditivo
traria
mais
robustez
ao
concreto
e
possibilitaria
a
ado
-
ção
de
menos
pasta
,
o
que
seria
vantajoso
sob
vários
aspectos
. V
ocê
poderia
fazer
a
gentileza de me
esclarecer
:
se
estou
certa
acerca
do
não
uso
do
aditivo
modificador
de
viscosidade
pela
indústria
brasileira
?
os motivos desta
indústria
para
a
escolha
do
concreto
autoadensável
com
maior
teor
de
pasta
?
se
a
escolha
do
tipo
de
concreto
autoa
-
densável
no
B
rasil
corresponde
ao
que
tem
sido
feito
em outros
países
?
LIDIA SHEHATA
(UFRJ)
Pergunta interessante e complexa.
Consultei a fina flor dos entendidos no
tema: Basf, Viapol, Mc-Bauchemie,
Grace, Engemix, Polimix, ABESC e co-
legas. Meu resumo:
1. Cerca de 90% do concreto dito,
chamado ou vendido como auto-
adénsável no Brasil é, na verdade,
um concreto fluído que não atende
aos ensaios e requisitos previstos
na ABNT NBR 15823 (Classes SF1,
SF2 e SF3). É comum eu ser cha-
mado para avaliar paredes de con-
creto com autoadensáveis e encon-
trar uma junta de concretagem bem
inclinada, a 60 graus, quando deve-
ria ser horizontal! Nesses concretos
o preço não comporta VEA (aditivos
modificadores de viscosidade).
2. Em 95% das obras em concreto
autoadensável (que, na verdade,
são apenas fluidos), os aditivos su-
perplastificastes são adicionados no
canteiro, na hora do lançamento.
Portanto, não é necessária a robus-
tez no traço. Concretos autoaden-
sáveis (SCC) dosados e orientados
pela PhD sempre saem prontos da
Central e não se adiciona nada no
canteiro. Neste caso, muitas vezes é
vantajoso usar VEA.
3. A indústria de pré-moldados tem
a Central de mistura ao lado da
produção e dispensa robustez nos
concretos e dispensa VEA.
4. Um concreto SCC geralmente re-
sulta em fcks superiores a 40MPa
aos 28dias e bem poucas obras re-
querem concretos com fck superior
a 40MPa. A grande maioria pede
SCC e fck de 30MPa. Óbvio que
recebe concreto fluido e não SCC.
5. Existe inércia e certo preconceito
na indústria do concreto com rela-
ção a usar muitos aditivos.
6. Alguns aditivos mais caros e
mais sofisticados oferecidos no
Brasil já têm VEA incorporado no
superplastificante.
7. É muito interessante usar adições
(sílica e metacaulim) por conta da
durabilidade, para reduzir risco de
AAR (Reação Álcali-Agregado),
para aumentar fck, para modificar
módulo, para alterar cor, para alte-
rar absorção, para reduzir cloretos,
para reduzir consumo de clínquer,
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