1. Introdução
Até o início da década de 70, a maioria dos projetos de desenvol-
vimento como a construção de barragens, rodovias, edificações e
instalações industriais, que demandam grandes quantidades de
matérias-primas base, como aço, cimento, dentre outros, levavam
em conta apenas a relação benefício/custo econômica. Em decor-
rência deste modelo de desenvolvimento surgiram crescentes de-
gradações ambientais ocasionadas pelos impactos oriundos das
atividades humanas. A produção de cimento, por exemplo, é uma
atividade que emite grande volume de gases capazes de intensifi-
car o efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO
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). A resultante
destas diversas interferências negativas despertou a opinião pú-
blica e induziu diversos organismos internacionais a considera-
rem imprescindível uma mudança de paradigmas, onde deveriam
ser perseguidos meios de desenvolvimento ambientalmente mais
amigáveis. Podem ser citados os relatórios gerados pelo Clube de
Roma sobre a forma de desenvolvimento do planeta, reuniões de
cúpula como a Convenção de Estocolmo em 1972, a criação do
PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em
1980, a Comissão Bruntland de 1987, onde se cunhou o concei-
to de desenvolvimento sustentável. A reunião intergovernamental
Rio 92 e sua edição subsequente em 2002, a Rio +10, ocorrida
em Johanesburgo, África do Sul, buscaram oficializar o compro-
metimento dos países para colocar em prática o desenvolvimento
sustentável.
1.1 Mudanças climáticas
Alguns dos principais temas discutidos na Rio 92 e Rio +10 são
as mudanças climáticas e as formas de se evitarem interferências
antropogênicas perigosas no sistema climático. As principais evi-
dências científicas destes fenômenos já vinham sendo abordadas
em relatórios redigidos pelo IPCC (Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas), criado em 1988.
Ligado ao PNUMA e à OMM (Organização Meteorológica Mun-
dial), o IPCC consiste em uma rede de cientistas de mais 130 paí-
ses que objetiva traduzir o conhecimento científico da comunidade
internacional em recomendações para políticas governamentais.
Em seu primeiro relatório, o IPCC sugeriu o estabelecimento de
uma instância de negociação política, a UNFCCC (Convenção
Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), que foi
então criada em 1990. Em seu segundo relatório, em 1995, o
IPCC mostrou que há uma intensificação do aquecimento global
Figura 1 – O aquecimento global: gases de estufa naturalmente existentes aprisionam a parte da
radiação solar que é refletida pela Terra sob a forma de calor. Emitidos pelo homem, gases de
estufa adicionais amplificam o calor retido, intensificando o aquecimento. (Adaptado de UNFCCC)
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IBRACON Structures and Materials Journal • 2012 • vol. 5 • nº 2
E. M. R. FAIRBAIRN
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T. P. DE PAULA |
G. C. CORDEIRO
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B. B. AMERICANO
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R. D. TOLEDO FILHO