Revista Concreto & Construções - edição 80 - page 38

38 | CONCRETO & Construções
u
57º CBC
Infraestrutura sustentável
de concreto: chegamos lá?
O
57º Congresso Brasileiro
do Concreto, realizado em
Bonito, de 27 a 30 de ou-
tubro, empunhou a bandeira do futuro
do concreto para a sustentabilidade nas
construções. Abrindo as conferências
plenárias, verdadeiras aulas-magnas
com pesquisadores de importantes ins-
titutos e centros de pesquisa no mundo,
Jussara Tanesi, pesquisadora e gerente
de projetos no Turner-Fairbank Highway
Research Center (TFHRC), centro nacio-
nal de pesquisa do governo dos Estados
Unidos, que assessora a Agência dos
Transportes daquele país (Federal Hi-
ghway Administration), apresentou uma
visão geral das iniciativas sustentáveis
do ACI (
American Concrete Institute
) e
de outras instituições americanas nos úl-
timos anos. Além disso, ela apontou as
duas vias principais pelas quais a sus-
tentabilidade vem sendo buscada nas
pesquisas do TFHRC: pela diminuição
do conteúdo de cimento Portland (ou
melhor, do clínker) no concreto e pelo
aumento da durabilidade das estruturas
de concreto.
A diminuição do consumo de clínker
no concreto é alcançada pela substitui-
ção do cimento por cinzas volantes,
subprodutos da queima do carvão mi-
neral nas indústrias termelétricas. Com
a substituição, aproveita-se um sub-
produto de uma indústria, que de outra
forma, seria lançado na atmosfera na
forma de partículas poluidoras, e usa-
-se menos clínker, produto que em sua
produção mundial tem sido responsá-
vel por quase 6% das emissões de gás
carbônico, principal gás responsável
pelo efeito estufa e pelas mudanças
climáticas. No entanto, como destacou
a pesquisadora, o uso de cinza volante
no concreto tem como efeitos colate-
rais: o retardamento de sua pega, atra-
sando o acabamento das peças e cor-
te das juntas no caso de pavimentos;
resistências menores a baixas idades,
que atrasa a desforma das peças e o
cronograma de construção; e a maior
sensibilidade do concreto às condições
ambientais, o que requer maiores cui-
dados após o lançamento do concre-
to, como, por exemplo, uma cura mais
prolongada (em média, de 14 dias).
Segundo Tanesi, esses efeitos acabam
por levar a um uso ainda limitado des-
ses concretos com mistura binária (ci-
mento + cinza volante).
Para contornar os problemas apon-
tados, o TFHRC tem realizado pesqui-
sas tanto na parte de metodologia de
ensaios como na de ferramentas de
pré-qualificação de misturas e para
a detecção de possíveis problemas,
avaliação das propriedades a baixas
idades e dos fatores que influenciam
o comportamento de misturas com al-
tos teores de cinza volante. Entre es-
sas metodologias incluem-se ensaios
de calorimetria isotérmica, de reologia,
de pega e resistência à compressão de
pastas, argamassas e concretos. Além
disso, TFHRC tem pesquisado o com-
Pesquisadora Jussara Tanesi durante sua apresentação
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